Por Vladimir Lima
- Após uma semana sem negociações em função do feriado de ano-novo lunar, a bolsa de Xangai reabriu nesta segunda-feira com alta de mais de 1%, trazendo melhores perspectivas para os demais países emergentes. Entre outras coisas, atribui-se a valorização à evolução das negociações com os EUA em direção a um acordo na questão da disputa comercial. Na próxima quinta-feira o secretário de tesouro norte-americano se encontrará com autoridades graduadas na China e as expectativas são positivas.
- Ainda no âmbito internacional, é interessante destacar que devido ao acidente envolvendo a Vale, o que reduz as perspectivas de produção da companhia, os preços do minério de ferro no mundo não param de subir. A possível diminuição de oferta tem levado a cotação às alturas, o que ajuda outros mercados correlacionados com a commodity.
- Na Europa as bolsas também amanhecem com ganhos, após uma semana negativa encerrada na última sexta-feira. Nos EUA se espera para ver a evolução do S&P500, que ficou praticamente de lado na semana passada. Como pano de fundo no país, está ainda o impasse sobre a definição do orçamento. O prazo estabelecido para eventual retorno do shutdown (paralisação parcial de serviços públicos) do governo é o dia 15 de fevereiro, caso não haja acordo até lá. Neste domingo o noticiário dava conta de que Republicanos e Democratas divergiam em algumas questões, impedindo uma conciliação imediata. Entretanto, analistas acreditam que uma solução será alcançada.
- Domesticamente o Ibovespa caiu no acumulado dos últimos cinco dias, num processo de realização de lucros e digestão das altas observadas desde o Natal. Os mercados acompanham os bastidores da reforma da previdência e esperam ansiosamente pela saída de Jair Bolsonaro de seu período de internação. O Presidente precisa decidir algumas questões cruciais para que a reforma inicie seu processo de tramitação.
EVENTOS DOMÉSTICOS
- Na semana serão divulgados indicadores de atividade referentes a dezembro, o que ajuda a concluir as projeções de crescimento do PIB no último trimestre de 2018. Entre quarta e sexta-feira, conheceremos as vendas no varejo, a pesquisa de serviços do IBGE e o índice de atividade IBC-Br, do Banco Central.
- A pesquisa Focus do Banco Central trouxe uma importante redução nas projeções dos economistas para o IPCA ao final deste ano, a qual veio de 3,94% para 3,87%. A surpresa com o resultado do indicador oficial de inflação no país na última sexta-feira justifica parte relevante desta revisão, mas estamos atentos ao comportamento dos núcleos dos preços — que exclui do índice componentes mais sensíveis ao estágio do ciclo econômico, ou mesmo por sua elevada volatilidade — que parecem ter deixado o período mais baixo para trás. Isso não implica em pressões inflacionárias iminentes, é claro, dado que ainda vivenciamos um elevado grau de ociosidade na economia. Além disso, há de se convir que o IPCA está oscilando em níveis acomodados e em nível inferior às metas estabelecidas (4,25% para 2019), o que também dá gordura para absorção de eventuais choques, sem que seja necessária medidas no âmbito da política monetária. Por outro lado, tal comportamento destes núcleos e dos preços relativos ao setor de serviços abrem espaço para que surpresas adicionais para baixo se tornem menos frequentes. No mais não houve nenhuma alteração digna de nota.