BRIEFING MATINAL

Por Vladimir Lima

 

  • O mercado local opera em compasso de espera pela divulgação da proposta de reforma da previdência, que hoje deve ter novos desdobramentos. Jair Bolsonaro afirmou que a questão da idade mínima teria definição nesta quinta-feira, acelerando a evolução do tema para que seja posteriormente encaminhado ao congresso. Entretanto, há ruídos nada desprezíveis no núcleo político, envolvendo agora o Secretário Geral da Presidência, Gustavo Bebianno e um dos filhos de Bolsonaro. Focos de tensão desta natureza desperdiçam energia do governo e geram desgaste, o que agrava a visão sobre a organização do PSL, partido do presidente da República.

  • Diante dessas confusões, a articulação da reforma no congresso fica sob menor controle de pessoas do Executivo ou de deputados mais próximos ao governo. Isso tende a pesar sobre uma eventual recuperação mais forte do Ibovespa. Ficamos, neste momento, muito à mercê da evolução dos mercados externos. Se as bolsas emergentes não avançarem ou se tiver uma queda nos EUA, então sofreremos juntos. Para um descolamento em nosso favor, é preciso, a partir de agora, novos catalisadores positivos no âmbito das reformas, mas em cima de um referencial já otimista que foi criado nas últimas semanas.

  • Na seara internacional, é bom dizer, há sim notícias favoráveis. Circulam informações de que Donald Trump considera prorrogar por até 60 dias o limite de tempo antes de impor aumento das sobretaxas nas importações da China. Essa extensão decorre da percepção de que as negociações caminham bem, embora possam não ser concluídas até o começo de março, prazo originalmente estipulado. O difícil é saber se tais “novidades” já não estão amplamente absorvidas pelos mercados. O índice S&P500 sobe mais de 17% desde as mínimas em dezembro, mostrando que existe uma compreensão de que os fundamentos da economia não são tão ruins como se achou durante aquele mês. Todavia, tampouco são tão positivos quanto o que se via até o início de outubro.

  • Os dados de comércio externo da China ficaram melhores do que o esperado em janeiro. As exportações cresceram 9,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, contra expectativas de contração de 3,3%. No caso das importações, muito importantes para inferir o vigor da demanda chinesa, houve queda de 1,5%, mas as projeções de consenso eram de um declínio significativamente maior, de 10,2%. Esses indicadores, no entanto, precisam ser enxergados com um grão de sal, pois  estão sujeitos a distorções decorrentes do feriado de ano novo lunar no início de fevereiro, o que pode ter transferido atividade comercial para janeiro.