BRIEFING MATINAL

Por Vladimir Lima

  • Após a divulgação  de que ficou decidida a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para os homens na proposta de reforma da previdência ainda a ser enviada pelo governo ao congresso, o mercado local teve forte desempenho. O Ibovespa subiu mais de 2%, voltando para a marca dos 80 mil pontos, o real apreciou e os juros prefixados cederam, embora neste caso não em intensidade tão significativa, haja vista seus níveis já bastante baixos e, a nosso ver, mais equilibrada com o que se tem em perspectiva para a política monetária futuramente.
  • O fato é que a opção de Bolsonaro ficou na banda positiva do que se esperava na definição dos parâmetros para a reforma. O presidente ainda concordou com um período de transição de 10 anos para homens e 12 para mulheres, até que atinjam a idade mínima. Trata-se de um período menor do que aquele apresentado na reforma de Temer e, portanto, capaz de gerar maior economia de gastos para o governo. Segundo avaliações preliminares de analistas e o que foi sinalizado por Paulo Guedes, com esses parâmetros a redução de gastos deve ser da ordem de 1 trilhão de reais em dez anos. Ainda faltam mais detalhes da proposta, que somente será conhecida no dia 20 de fevereiro segundo comunicado pelas autoridades. Não foi ventilado nada sobre a questão das aposentadorias do setor rural ou sobre a indexação do Benefício de prestação continuada.
  • O ponto relevante é que o projeto entrará no congresso com mais gordura para negociação, abrindo espaço para alguma desidratação, sem resultar em perda expressiva de economia aos cofres públicos. Como Bolsonaro vinha indicando uma preferência por parâmetros menos rígidos, temia-se que o projeto inicialmente proposto pudesse ser já menos ambicioso e ainda ser atrofiado nas negociações políticas.
  • Agora a questão é o prazo até que o governo se organize melhor, saneando a questão da crise envolvendo o Secretário Geral, Gustavo Bebianno, para ter força a eficiência nas articulações junto aos parlamentares. As críticas de analistas ao atrito envolvendo um dos filhos do Presidente e Bebianno vulnerabilizam a imagem do poder executivo e geram desgaste em um momento em que as energias precisam estar focadas.
  • O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) registrou expansão de 0,21% em dezembro, o que gerou certa surpresa para os analistas, que esperavam algo mais próximo de zero para o mês. Uma vez que o objetivo deste indicador é servir como uma proxy do que será o PIB, o qual só será conhecido no próximo mês, é importante notar o ritmo tênue que evolui a economia brasileira. No último trimestre de 2018, segundo o IBC-Br, a atividade apresentou expansão de apenas 0,2%, o que representaria um crescimento de 1,15% para todo o ano passado. Isso denota um processo bastante lento de recuperação, e uma base estatística mais baixa para 2019. Estamos confiantes que, mesmo que o PIB de 2019 seja revisto marginalmente para baixo nas próximas semanas, que as condições mais favoráveis no âmbito das condições financeiras, da confiança dos agentes econômicos e do ciclo de crédito irão nos levar a taxas de expansão interanuais importantes ao final deste ano.
  • Os indicadores de crédito na China ficaram melhores do que o esperado em janeiro, mostrando finalmente algum resposta ás diversas medidas de estímulo promovidas pelo governo nos últimos tempos. É verdade que tais ações são muito menos tímidas do que aquelas adotadas em 2008 ou em 2016, período de desaceleração forte da economia, mas já deveriam ter começado a reverter a perda de ritmo da atividade.
  • Apesar da melhora nestes dados de crédito, os números de inflação, em especial a inflação ao produtor, mostrou nova diminuição. Isso é importante, pois ela é bastante correlacionada com o lucro do setor industrial e, portanto, sugere redução dos resultados das empresas.