BRIEFING MATINAL

Por Vladimir Lima

O Ibovespa voltou a atingir nova máxima histórica, pouco acima dos 98.500 pontos no início da semana. O índice foi apoiado pelo otimismo em torno da previdência, já que uma minuta sobre a proposta de reforma foi ventilada ao mercado, mostrando mudanças profundas, capazes de gerar boa economia aos cofres públicos. Além disso, em mensagem ao Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro reforçou as diretrizes de seu governo, dando ênfase a pontos importantes como as privatizações e as reformas tributárias e administrativas. No entanto, o fôlego do mercado local não se deu somente por essas questões, mas também foi impulsionado pela boa performance das bolsas externas. (UOL,VALOR,FOLHA,ESTADÃO)

O S&P-500 demonstra força surpreendente. O pano de fundo realmente está melhor do que no fim de 2018, mas não há tantos temas remanescentes que ainda possam surpreender. Por ora, elencamos inúmeros fatores aparentemente bem incorporados aos preços: (i) os resultados corporativos estão satisfatórios; (ii) os indicadores de crescimento (ISM e dados de emprego) mais recentes não sancionam qualquer recessão nos EUA, mas sim um ritmo normal de crescimento; (iii) o Federal Reserve (Fed) aponta interrupção das altas dos juros, inclusive abrindo espaço para eventuais cortes ou revisão da política de reversão do quantitative easing; (iv) tem havido boa evolução do tema da disputa comercial sino-americana; e (v) na China há perspectivas de ainda mais estímulos que sustentem a atividade. Isso tudo vem apoiando a bolsa norte-americana, especialmente a nova postura do Fed.
Desde então, é importante destacar que não foram necessárias notícias efetivamente boas, mas sim menos piores do que aquelas que causaram as quedas nos ativos de risco em primeiro lugar. Logo, depois de uma retomada de quase 15% desde as mínimas, fica difícil enxergar grandes ganhos adicionais das bolsas nos Estados Unidos.(The economist; UOL ; Valor)

Na segunda feira, foi divulgada uma minuta que baliza a proposta de reforma previdenciária da equipe econômica de Jair Bolsonaro. Trata-se de um documento que prega mudanças profundas, mais incisivas do que aquelas presentes na reforma prevista por Michel Temer. Entre outras coisas, recomenda idade mínima de 65 anos tanto para homens como mulheres, a desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo, endurece regras de abono salarial, aumenta contribuição de militares e aperta as regras do funcionalismo. Evidentemente que em alguma medida a divulgação serve como balão de ensaio para testar a aceitação pública. Basta ver que algumas autoridades do governo já disseram que não se trata da proposta definitiva, mas apenas um dos desenhos em discussão. De todo modo, o que se observa hoje é que existe sim uma maior aceitação pela sociedade sobre a necessidade dos ajustes na previdência. Após bastante ênfase no tema, finalmente a população e até a classe política já começam a relacionar a crise econômica ao desequilíbrio nas contas públicas. Facilita essa compreensão o fato da visível deterioração na provisão de serviços essenciais como saúde e segurança, além da falta de pagamento para muitos funcionários do Estado. (Valor ; GNEWS; UOL )

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou mensagem ao Congresso devido ao início das atividades parlamentares, em que reforçou as diretrizes de seu governo. Além de, obviamente, salientar as mudanças na previdência, falou em reforma tributária, reforçou a ambição em torno das privatizações, da abertura comercial e independência do Banco Central. Logicamente que não são novidades, haja vista todo o discurso oficial desde o resultado das eleições, mas todos esses temas tem ganhado maior organização e vão adquirindo profundidade como linhas estratégicas. (Twitter da Presidência )